terça-feira, 14 de junho de 2011

7º Concurso Cultural Ler e Escrever é Preciso Ecofuturo

Convido a todos os alunos dos 2 º e 3º anos Ensino Médio da escola Ministro para participarem do 7º Concurso Cultural Ler e Escrever é Preciso Ecofuturo.

Consultar site:

O tema é: "Vamos cuidar da vida"

Leia as informações abaixo para produzir seu texto. Máximo de 5000 caracteres (aproximadamente duas páginas)

Os participantes desta categoria

  • ... vivem a etapa em que o ser humano deve construir a ideia de um mundo verdadeiro e justo;
  • ... começam a tomar conta do próprio corpo, buscam autonomia, desenvolvem uma formação ideológica;
  • ... continuam explorando diferentes formas de comportamento para descobrir o "jeito pessoal";
  • ... liberam grande parte da tensão em confrontos com a autoridade representada pelos adultos;
  • ... observam atentamente as incoerências no comportamento dos adultos e nas regras estabelecidas, sempre alertas para descobrirem as diferenças entre o que os adultos dizem e o que realmente fazem;
  • ... têm ideias individuais e crenças fortes, independentemente das pressões familiares e sociais;
  • ... têm os relacionamentos como tema central das preocupações;
  • ... estão na "ante-sala" da responsabilidade social e se sentem pressionados a tomar decisões de impacto no futuro; têm vontade de "fazer alguma coisa" para melhorar o mundo.

A forma: livre

Por que forma livre? Primeiro, porque o ser humano nessa fase da vida vive procurando liberdade - nem que sejam migalhas. Segundo, porque aumenta a possibilidade de obter retorno de gente assim:

"Encontre para mim talentos escondidos, apaixonados, adolescentes que, em lugar de se prepararem para os exames oficiais, explorem sem cessar um pedaço ou um mecanismo do mundo. Tudo, menos gente preguiçosa. Eu quero gente trabalhadora, mas gente trabalhadora que só aguente a liberdade." Erik Orsenna, in Dernières nouvelles des oiseaux

A criação nessa forma livre vai partir, porém, de uma IMAGEM escolhida pelo autor, na qual ele identifique que existe BELEZA (e que ele deverá descrever depois do texto criado, para que seus leitores entendam de onde ele partiu). O trecho de Rubem Alves que você encontra no quadro a seguir fala exatamente do poder inspirador das imagens, e também ilustra perfeitamente o tipo de descrição que seu aluno deve fazer depois de criar seu texto em forma livre (parte destacada em azul).

Que tipo de imagem? Qualquer um, sem restrições. Pode ser obra de arte, mas também pode ser foto de gente ou de coisa, desenho, figura abstrata... Afinal, sabemos todos que a beleza está, antes de mais nada, no olhar!

Se a arte é, nas palavras de Bloch, "uma antecipação da morada final do homem - o Paraíso -, conclui-se que a intenção da beleza é a transformação do mundo. Cada obra de arte é uma oração pela volta do Paraíso. Beethoven teria alegremente trocado a beleza da Nona Sinfonia pela beleza de um universo embriagado pela alegria.

Faz dias vi na televisão um anúncio que já vira muitas vezes.

Campos verdes se perdendo no horizonte, riachos de água cristalina, bosques, cavalos selvagens livres, em galope. A imagem era cheia de beleza. Utópica. Impossível não desejar estar lá.

[...]

Não conheço nenhuma pessoa que tenha sido convencida pela verdade da ciência. Conheço muitas, entretanto, que foram mortalmente seduzidas pela beleza da imagem. A verdade fica guardada na cabeça. Mas a beleza faz amor com o corpo. O senhor - a televisão - sabe disto: que as pessoas não são movidas pela verdade; elas são movidas pela beleza.

Imagino que o senhor alegremente trocaria toda a arte e toda a beleza que a Fundação Roberto marinho tem restaurado, preservado e celebrado pela alegria de uma beleza encarnada num povo e num país. Toda a beleza do mundo anuncia o Paraíso. Conclui-se que o Paraíso é bem superior a toda a beleza da arte - porque o Paraíso é a arte tornada vida.

A tarefa de tornar belo um povo e um país, assim, é superior à tarefa (maravilhosa!) de restauração, preservação e celebração da beleza! E é esse o desafio que lhe lanço: o de ser mais que um simples mecenas, protetor das artes: o senhor pode ser um artista que arranca da pedra bruta um povo e um país!

[...]

A beleza pode seduzir o povo a amar a natureza, a preservar a saúde, a se alegrar com as artes, a cuidar das crianças, a viver de forma civilizada, a respeitar a vida...

Rubem Alves, "Caro Sr. Roberto Marinho", in Entre a ciência e a sapiência - O dilema da educação.

O ponto de partida: a ideia de CUIDAR DA VIDA (Coautoria no Cuidado).

Essa ideia se desdobra em pequenas coisas que podem fazer diferença, em ações cuidadosas, porque somos todos coautores de uma vida melhor ou, pelo menos, mais satisfatória.

Não esperamos o retorno na forma de queixas sobre a difícil realidade do nosso mundo, nem acusações a possíveis responsáveis pelos desmazelos que levam tanta gente a apregoar que "o mundo está perdido", proclamar que "este mundo não tem mais jeito" e concluir que "ninguém faz nada, mesmo".

Esperamos, isto sim, um retorno coerente com a ideia de que os seres humanos estão ligados, entrelaçados. Isso faz de nós coautores do "mundo como ele é" e nos compromete com um senso de limites em nossa ação no mundo (em outras palavras: somos malhas da mesma rede, e nenhum mundo em que as ações de uns ferirem os outros pode ser bem-sucedido).

Que venham as ideias sobre cuidar da vida, com toda a diversidade e a liberdade que a criação implica, e que muitas pérolas brilhem para o deleite de todos!

Pérolas...
Pérolas, pérolas, pérolas, pérolas?
Pérolas!

Quando acontece de, num texto, alguma coisa faiscar, brilhar, saltar - por sua originalidade de construção, por uma escolha inusitada de palavras, pela impressão de que a alma de quem escreve se deixou vislumbrar, ou mesmo por um uso gramaticalmente incorreto que produz um efeito interessante, encontramos uma pérola.

Os jurados que leem os textos escritos por você ou por seus alunos fazem isso com olho de catador de pérolas, e não com olho de censor, e muito menos olho de avaliador de desempenho escolar. Viva a originalidade! Por que não ousar? É arriscando a pôr o pé um pouco além do limite das regras estabelecidas que a humanidade avança...

A leitura que ajuda a escrever melhor:

Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede. Cora Coralina

Conversas e experimentos a partir da literatura ajudam MUITO a facilitar e enriquecer a produção de textos. Esmiuçar obras literárias pode ser uma atividade de investigação lúdica - não se trata de « análise literária », e sim de uma olhada carinhosa, gentil, empática no escrito alheio, em busca de seus segredos, iscas, mistérios e achados. Como este, um verdadeiro diamante de um poeta japonês do século XVII:

Casca oca:
a cigarra
cantou-se toda. Bashô

A vinculação intencional e bem feita entre o ato de ler e o ato de escrever, em sala de aula e nas bibliotecas, pode conduzir ao aprimoramento e ao aprofundamento de ambos. Quem lê se alimenta de formas, conteúdos e modelos para sua própria expressão escrita; quem escreve experimenta, inevitavelmente, a presença de significados por trás das palavras - uma das chaves mestras para solucionar o grande quebra-cabeça mundial do analfabetismo funcional, com suas multidões de "leitores mecânicos" incapazes de mergulhar no que leem.

Escolha a sua própria lista de livros, contos, poemas, trechos e autores, entre os que já moram no currículo, os que você ama, os que os alunos conhecem e sugerem...

Na falta de livros, vá ao encontro deles nas páginas da grande biblioteca que é a Internet.

Na sala de aula

A proposta e o material oferecido podem gerar muita conversa gostosa e produtiva na sala de aula, muitas trocas de opiniões e argumentos, momentos de descontração e participação. A partir da 6ª edição, passamos a torcer também para que despertem em você a vontade de escrever seu próprio texto para a categoria 5, da qual participam educadores e profissionais de bibliotecas.

Que o concurso seja uma celebração ao ato de escrever com gosto, liberdade e espontaneidade! O ponto de partida, que é a ideia de CUIDAR DA VIDA, foi adaptado a cada categoria para que todo mundo sinta prazer em escrever seu texto e, ao mesmo tempo, tenha uma experiência ajustada à sua fase de vida e ao seu nível de formação.

Exemplos de assuntos de conversa:

  • Coautoria: o que é? Somos coautores do nosso mundo, da nossa vida? Como? É possível escolher o que fazer? É possível escolher como fazer? Isso muda o mundo?
  • Exemplos de entrelaçamento entre ações e reações, entre modos de agir e efeitos desencadeados, entre o mundinho pessoal e o “mundão”...
  • Subjetividade partilhada”: tudo o que fazemos é uma forma de resposta diante do mundo e diante das outras pessoas; somos indivíduos, mas somos "em diálogo", somos nossos relacionamentos, somos nossas ações e nosso jeito de fazer as coisas.
  • As decisões que tomamos ressoam no mundo.
  • O contágio das emoções, das ideias, dos sentimentos.
  • Ter medo de dizer o que sabe X adotar o pensamento e o jeito dos outros para não ser criticado (é mais seguro repetir o que outros falaram).
  • A falsa ideia de que para ser belo e bom o escrito tem que ser complicado.
  • A escolha das palavras para dizer algo que seja melhor que o silêncio.
  • Degustar os ingredientes da leitura e da escrita: a ideia é saborear palavras, frases, expressões, poemas, contos, trechos de romances, tudo isso como um tira-gosto que ajuda a descobrir como compor e enriquecer textos. Degustar é experimentar, provar, saborear, avaliar pelo paladar.
  • Se imagens valem por 1.000 palavras, como encontrar as boas palavras para substituir uma imagem? Quais seriam essas 1.000 palavras? (Isso pode ser feito diante de imagens e variando a categoaria gramatical das palavras buscadas, de forma lúdica, para perceber como também se pode jogar com as categorias gramaticais.
  • Os sentimentos que as palavras despertam, o que é surpreendente, o que é bonito, o que é estranho...
  • Essas conversas, em si mesmas, já fazem nascer textos coletivos, que você pode ir anotando para mostrar que a boa escrita começa na alma, nas lembranças, nos diálogos, na liberdade no uso das palavras.

Escolha a sua própria lista de poemas e autores, e não deixe de lado a boa música, nem o repertório folclórico, que costuma funcionar às mil maravilhas para quebrar barreiras, e nada mais é que poesia cantada e dançada!

UM TITULO NAO DEVE APRISIONAR A PALAVRA, E SIM ABRIR-LHE A PORTA.

Aproveite bem o trabalho de conversa sobre a leitura em sala de aula e chame a atenção dos alunos para o prazer que se pode extrair da palavra escrita (pessoal ou alheia) e faça da escolha do título a partir da ideia que é ponto de partida - CUIDAR DA VIDA - mais um ato de criação.

O momento sagrado da escrita

A alma da boa escrita tem raiz na vida concreta.
É no cotidiano das pessoas que a história se concretiza, que a geografia se localiza,
que a matemática se equaciona, que os valores se aplicam, que a grande realidade se revela, que o universo se exemplifica.

"Quando tudo parece sem saída sempre se pode cantar. Por essa razão escrevo." Caio Fernando Abreu

A poesia é a fala da alma (Stephen K. Levine)

Releitura

Um leitor que não é o autor do texto identifica imediatamente o que está confuso, repetitivo, cansativo ou incorreto. Os colegas conseguem chamar a atenção do autor da redação para essas "falhas". Com isso, ele tem mais ferramentas para fazer uma nova versão do texto e também para se tornar um leitor atento do que ele mesmo escreve. Paralelamente, continuamos insistindo no aprimoramento dos textos produzidos pelo próprio autor, com apoio dos colegas e dos professores – essencialmente, a partir de leitura em voz alta, para tomada de consciência da qualidade da mensagem escrita: ler os textos em voz alta não para dizer "Isto está bom, aquilo não está", e sim para despertar novas percepções e alternativas.

A escolha: exercício de consenso

CONSENSO é conformidade, acordo ou concordância de idéias, de opiniões. As pessoas apresentam argumentos para justificar suas preferências para convencer as demais.

Buscar consenso é mais demorado do que votar e escolher por maioria, mas é uma experiência muito mais rica de diálogo e reflexão. Todos têm oportunidade de apresentar suas ideias, escolher argumentos e palavras para defendê-las e ouvir os outros de verdade.

A caminho da sabedoria, o ser humano tem que passar pelo exercício do consenso.

Na sala de aula

Você, professor, conhece melhor do que ninguém o funcionamento de sua turma. Como selecionar uma das redações para a etapa seguinte? Voto secreto? Discussão para decidir por consenso? Voto aberto? As possibilidades são muitas. Nós achamos que a busca de consenso é sempre o melhor caminho e se presta perfeitamente para que as crianças (e também os adultos) aprendam que o mundo pode ser diferente:

Enquanto a sociedade feliz não chega, que haja pelo menos fragmentos de futuro em que a alegria é servida como sacramento, para que as crianças aprendam que o mundo pode ser diferente. Que a escola, ela mesma, seja um fragmento do futuro... Rubens Alves

O dia-a-dia escolar nem sempre tem lugar para uma discussão mais longa. Mais uma vez, confiamos no seu discernimento para decidir o que lhe parecer mais adequado.
Aqui vão três sugestões para tornar os textos conhecidos antes da escolha:

  • O aluno que quiser concorrer lê seu texto em voz alta para os demais;
  • Os textos são afixados num quadro mural para serem lidos por todos;
  • Os textos circulam entre os alunos.

Na escola

Nesta etapa, sugerimos que os professores se reúnam e escolham os textos que serão enviadas para o Ecofuturo.
Nós achamos que buscar consenso é sempre o melhor caminho.


quinta-feira, 2 de junho de 2011

Livros de gramática - ABL discorda da posição do MEC

A Academia Brasileira de Letras divulgou nota oficial na qual discorda da posição do Ministério da Educação quanto aos livros didáticos de Língua Portuguesa que buscam justificar a falta de necessidade de observação das normas cultas do idioma.

"O Cultivo da Língua Portuguesa é preocupação central e histórica da Academia Brasileira de Letras e é com esta motivação que a Casa de Machado de Assis vem estranhar certas posições teóricas dos autores de livros que chegam às mãos de alunos dos cursos Fundamental e Médio com a chancela do Ministério da Educação, órgão que se vem empenhando em melhorar o nível do ensino escolar no Brasil.

Todas as feições sociais do nosso idioma constituem objeto de disciplinas científicas, mas bem diferente é a tarefa do professor de Língua Portuguesa, que espera encontrar no livro didático o respaldo dos usos da língua padrão que ministra a seus discípulos, variedade que eles deverão conhecer e praticar no exercício da efetiva ascensão social que a escola lhes proporciona. A posição teórica dos autores do livro didático que vem merecendo a justa crítica de professores e de todos os interessados no cultivo da língua padrão segue caminho diferente do que se aprende nos bons cursos de Teoria da Linguagem. O nosso primeiro e grande linguista brasileiro, Mattoso Câmara Jr., nos orienta para o bom caminho nesta lição já de tantos anos, mas ainda oportuna, a respeito da qual devem refletir os autores de obras didáticas sobre a língua materna: "Assim, a gramática normativa tem o seu lugar no ensino, e não se anula diante da gramática descritiva. Mas é em lugar à parte, imposto por injunções de ordem prática dentro da sociedade. É um erro profundamente perturbador misturar as duas disciplinas e, pior ainda, fazer linguística sincrônica com preocupações normativas" (Estrutura da Língua Portuguesa, 5). O manual que o Ministério levou às nossas escolas não o ajudará no empenho pela melhoria a que o Ministro tão justamente aspira."

Maiores informações: http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=11763&sid=727